domingo, 2 de dezembro de 2012

Quito, Chimborazo e Baños, EQUADOR

Texto relato enviado por meu grande amigo Pedro Gabriel. Para aqueles que necessitarem de informação extra sobre o Equador, basta deixar uma mensagem que encaminharemos a mesma para ele. Espero que curtam e se inspirem com a leitura abaixo.

Nesta primeira empreitada no Ecuador, decidimos por roteiros de alta montanha nos Andes e depois acabamos seguindo o fluxo das águas que escorrem dos Andes rumo a Bacia Amazônica Ecuatoriana. O Ecuador é um país que tem as Ilhas Galapagos das experiências de Darwin como principal destino turístico, porém, não podemos desprezar sua belíssima extensão na costa do Oceano Pacífico e o seu interior com predomínio da Cordilheira dos Andes e Bacia Amazônica. Com foco principal em conquistar o Vulcão Chimborazo (6310 metros) saímos de São Paulo, fizemos escala em Lima no Perú e chegamos a Quito no Ecuador em aproximadamente 8 horas de viagem. Sobrevoamos durante o dia, o Lago Titicaca, vários nevados e a costa do Oceano Pacifico, muito bacana.

Cordilheira dos Andes e seus nevados

A imensidão do lago mais alto do mundo, Titicaca
Já em Quito, sem nada reservado, nada mesmo, tomamos um Taxi até Mariscal. De lá, com a mochila nas costas, facilmente achamos um Hostel por 8 dolares a noite, por pessoa. Nos acomodamos e saímos em busca de agencias e informações. Montamos o planejamento para o processo de aclimatação para a conquista do Chimborazzo e tomamos rumo as badaladas ruas de Miraflores. Bares, Pub’s, Boates e muita gente circulando por ali. Turistas e locais se misturam no clima frenético da noite. Se estiver em busca de noitada em Quito, Mariscal é o local . Outra opção é no Centro histórico de Quito( Patrimônio Histórico da Humanidade – Unesco), um calçadão conhecido como La Ronda a noite também é quente, porém, com foco na cultura local, vale a pena gastar uma noite em La Ronda!

Noite em Miraflores - Quito
Catedral de Quito
Música sem fronteiras em La Ronda. Brancos, negros, amarelos e vermelhos!
No segundo dia, dando inicio as atividades de aclimatação, empreendemos a conquista do Vulcão Pichincha (4700 metros), que está localizado praticamente dentro da cidade de Quito e conta com um teleférico (8 dólares ida e volta) bacana demais, lá de cima vê-se a imensa cidade quase por completo e os vulcões nos arredores. Vale o passeio. 


Teleférico de Quito


Da chegada do teleférico até o cume do Vulcão Pichincha, foram 04 horas e meia caminhando por trilha íngreme bem traçada, margeadas de vegetação rasteira e muitas flores. 

Pudemos experimentar o real efeito da altitude. Lá em cima, nota-se os primeiros resquícios de gelo nas bordas da cratera.




De volta ao Hostel, decidimos seguir para a cidade de Riobamba na manhã seguinte. Tomamos o busão até o terminal sul e lá adquirimos a passagem para Riobamba. Em menos de 10 minutos já estávamos na estrada. Do terminal Sul sai ônibus toda hora para várias localidades.
Depois de 4 horas de viagem e paisagens encantadoras chegamos a Riobamba. Partimos em busca de uma agencia para fazer o planejamento da conquista do Chimborazo. Fechamos um pacote de 3 noites dormindo em abrigos no entorno do nevado, seguindo o planejamento de aclimatação desenhado com a ajuda da agência! Fechado, equipamentos experimentados e dentro de duas horas partimos para o primeiro abrigo. Aproveitamos o intervalo para fazer compras de gêneros alimentícios para os dias de montanha. Dada a hora tomamos o carro com motorista que nos deixou no primeiro abrigo, conhecido como Casa Condor. Em um vilarejo rural muito legal com varias possibilidades de interação com a cultura local e de aventura como treking, bike, escalada, camping e cachoeiras. De dentro do quarto, deitado na cama, avista-se o vulcão. Noite muito agradável na Casa Condor que conta com toda infra necessária para uma noite de conforto. Banho quente, boas camas, cozinha completa e pessoas muito atenciosas cheias de dicas e estórias para compartilhar.


Noite bem dormida, acordamos pelo terceiro dia no Ecuador, antes do sol e iniciamos uma caminhada pelo vale e montanhas no entorno, previsto dentro do processo de aclimatação. Depois de curtir muito o visual, voltamos para o abrigo com pressa para tomar o último banho dos próximos dias. Bom demais, pelo menos tem o último! Na região do abrigo Casa Condor,vale conhecer La Piedra Negra, La Chorreira que com pouco mais de três horas caminhando é possível conhecer estes dois pontos e mais algumas coisas. Locais favoráveis a belas fotografias e a contemplação do Chimborazzo, vales e entornos. 

Casa del Condor
Pinguela
Ao meio dia, o motorista chegou e partimos para o abrigo 2 (4700 metros de altitude) já dentro do Parque Nacional Chimborazo. Abrigo de montanha, com pouco conforto mas provido de camas, lareira e boa cozinha equipada. Banho? Com temperatura a zero grau, ventania e água quente só no fogão, há facão, melhor deixar pra lá! Mais uma atividade de aclimatação pelo parque, chegamos até a linha do gelo e ali pudemos sentir as consequências do ar rarefeito. Tontura e dor de cabeça, nada mais, exatamente o que esperava para mim! Mas vi pessoas com náuseas e vômito. O processo de aclimatação na alta montanha é essencial. Descanso, rango reforçado, demasiada hidratação e mais descanso. É difícil pegar no sono sob os efeitos da altitude, fritei a noite inteira dentro do saco de dormir. Despertamos antes do sol para o quinto dia no país, na ansiedade do ataque ao cume que se daria pela noite. Tempo bom mas com muito, mas muito vento. Saímos para cumprir mais uma etapa do processo de aclimatação, já sentindo melhoras no efeito da altitude, pudemos conhecer mais pontos de visitação dentro do parque Chimborazo. Um memorial com mais de 50 lápides de pessoas que morreram tentando a conquista do cume (abalou o psicológico) e alguns habitantes do parque: lebres, beija flores, vicuñas e outros pássaros. 


Observe as lápides no caminho, tenso!
Rumo ao abrigo Whinper

De volta ao abrigo 2, cozinhamos, alimentamos, hidratação forçada e subimos para o abrigo 3 conhecido como abrigo Whinper a 5000 metros de altitude. Subimos com pesadas mochilas com os equipamentos necessários! UFA! Mais uma refeição, hidratação, mate de coca e cama. Mas quem disse que dorme, altitude é foda! O horário determinado para o inicio do ataque ao cume, previsto para as 22 horas, horário este em que o guia nos acordou relatando que sería perigoso iniciar a caminhada por causa dos fortes ventos, porem, uma expedição de alemães estaria partindo naquele momento. Decidimos esperar e as 23:30 o guia nos chamou. A previsão de tempo para a conquista varia de 6 a 8 horas mais a volta, ou seja, estávamos saindo para aproximadamente 12 horas de atividade. Vestimos os equipamentos e todo mundo pronto, YA LISTO, partiu. Abri a porta do abrigo e o vento quase me jogou no chão! Não foi difícil chegar a conclusão de que a conquista do cume estava na corda bamba. Depois de 2 horas caminhando com bastante dificuldade e bem devagar , ritmo marcado pelo guia, avistamos que a expedição à nossa frente estava retornando. Continuamos a subida indo de encontro, para trocarmos informações. Decepção, todos sugerindo “very dangerous” e “Go back”. Quando venta, pedras caem em uma passagem conhecida como Canaleta, e a canaleta direciona as pedras para o fundo dela, ou seja, onde a galera tem que andar por quase 40 minutos. E caiu. Uma pedra pequena, caiu no ombro e resvalou para a mão de um guia americano, causando ferimentos leves, pois o mesmo utilizava de equipamentos técnicos e de segurança. Decidimos então regressar. Um pouco de decepção tomou conta do grupo que em menos de 4 horas de caminhada estava de volta ao abrigo 3.


Vento e poeira
Mais uma madrugada fritando no saco de dormir, despertamos um pouco frustrados e decidimos não mais ficar no frio e desconforto demasiado dos abrigos e da alta montanha. Não é muito divertido fazer atividades de vários dias na alta montanha. Depois que acaba a novidade fica um tanto quanto entediante. Já estávamos frustrados pela conquista não realizada e descançar, comer, beber e tentar dormir acabou perdendo a graça pelo objetivo.



Valeu Chimborazo, um dia eu volto pra te conquistar! 
Retornamos a Riobamba, nos hospedamos em um hotel por 10 dolares por pessoa e direto pro banho. 
Aproveitamos a tarde para conhecer os atrativos históricos e fazer algumas compras no comercio local. Dalí decidimos nosso próximo roteiro até então desconhecido. Dentre muitas opções super bacanas, optamos pela cidade de Banõs para o dia seguinte. A noite em Riobamba oferece poucas opções, mas da pra se divertir. Acordamos sem muita pressa para o sétimo dia de viagem, organizamos as mochilas, tomamos um taxi que nos levou até o terminal de ônibus. No momento em que estávamos desembarcando o taxista avistou o busão para Baños e nos apressou. Na hora, conseguimos subir e seguir viagem. O caminho para Banõs e surpreendente. Vales agrícolas com plantações de maça e varias outras culturas, entrecortadas por ferrovias em construção ou reforma, rios caudalosos e o estilo de vida campesino dos Andes. Depois de quase 3 horas de viagem, chegamos em Baños e ao descer do ônibus, já achamos um hotel por 7 dólares por pessoa. A recepcionista do hotel nos forneceu um guia com dicas de centenas de passeios com muita aventura.
Saímos do Hotel e uns 50 metros a frente tinha um portal de madeira, passamos por ele e saímos em um precipício com uma ponte muito alta e claro, Bunge Jump logo de cara.

Bunge Jump a 100 metros do hotel - Baños
Canopy Double - Tirolesa Dupla - 800 metros de extensão
O resto da tarde andamos pela cidade. Grata surpresa. A cidade de Baños e linda, respira aventura e esta muito bem preparada para receber. Muitas agencias, hotéis, hostel’s, bares, lojas,restaurantes e atrações naturais, das quais a maior delas o Vulcão ATIVO Tungurahua, um espetáculo com direito a rios de lava que só pode ser observado de certa distancia devido a constante atividade. Interessamos em fazer um passeio de CHIVA (um caminhão adaptado para levar turistas para alguns roteiros) pela Ruta de las Cascatas ainda neste dia, um rafting e um canionismo no dia seguinte e assim fizemos. A Ruta de Las Cascatas é demais, cachoeiras, cascatas e cânions imensos, sempre equipados com tirolesas de até 800 metros de comprimento e também com umas gaiolas suspensas em cabos de aço que fazem travessias dos precipícios cortados pelas águas das imensas cachoeiras.

Saigon del Diablo - Ruta de Las Cascatas - Baños
Salto Manchay - Ruta de Las Cascatas - Baños
Rio de Lava petrificada - Banõs
Rafting no Rio Patate - Baños
Canion do Rio Claro - Baños
Diversão garantida e muito profissionalismo por parte dos agentes e guias. Baños certamente foi o ponto alto da trip. Noite badalada aos finais de semana, ok? Retornamos a Quito no 9º dia de viagem, uma sexta feira, nosso voo estava previsto para o dia seguinte. Hospedamos no mesmo hostel de quando chegamos. Acomodamos e decidimos conhecer mais a Cidade de Quito. Tomamos um taxi e pedimos que ele fizesse um tour pela cidade que foi muito proveitoso. Descemos no centro histórico e caminhamos bastantes entre as majestosas construções dos séculos XV a XVII e partimos para conhecer melhor La Ronda, UAUUU!!!

La Ronda - Centro Histórico de Quito
Balada latina!!! Embalados pela musica latina ao vivo em um dos bares dentre as dezenas deles por ali, experimentamos o Canelaço, bebida típica com base de cana, canela, limão, açúcar e um tipo de aguardente de lá, que é servida quente em jarras de um litro. 

Canelaço

UM LITRO! Imagina o grau etílico! Diversão garantida pelas ruas de Quito madrugada afora e depois uma bela noite de sono... No ultimo dia da viagem, visitamos o Centro deportivo del Ecuador onde uma parece de escalada artificial muito grande nos chamou atenção. No resto dia concentramos as compras, equipamentos de aventura é barato.

Tomamos o voo de volta para São Paulo, com escala em Bogotá. Viagem rápida e tranquila que durou cerca de 7 horas. O Ecuador é encantador. Recomendo.

CUIDADOS
"Perdemos" algumas coisas no abrigo 2 ou 3 do Chimborazo, tenha cuidado com seus pertences por lá, mesmo trancados no quartinho do responsável pelo abrigo.

DICAS e CUSTOS
Moeda local: Dólar americano
Cartão de crédito: sim
Lingua: espanhola
Documento necessário para entrar no Ecuador: RG atual 
Cartão internacional de vacinação: não cobraram
Taxi: de 1 a 8 dólares (depende de distancia e horário) Obs.: Taxistas sempre muito atenciosos e dispostos a dar boas informações.
Busão dentro das cidades: 0,25 cents de dólar
Busão para outras cidades: de 3 a 6 dólares 
Hospedagem: 5 a 10 dólares por diária sem café
Refeições: de 2,50(sopa, prato com arroz, lentilha, carne, salada, suco e fruta) (Parrillada 10 u$)
Café da manhã: Combo 3 dólares ( café com leite, suco, pão queijo presunto, 2 ovos mexidos e um doce)
Tirolesa de 800 metros: 5 dólares
Passeio de CHIVA: 1,50 dólar
Rafting: 25 dólares - incluso equipamentos, traslado, almoço e cd com fotos
Canionismo: 25 dólares – incluso equipamentos, traslado e cd com fotos
Expedição ao Vulcão Chimborazo: 180 dólares em Riobamba incluso equipamentos técnicos, traslado, abrigos por 3 noites, guias e refeições no dia do ataque. OBS.:se fechar em Quito é o dobro do preço.
O que comprar: equipamento de esportes de aventura, escalada, roupas técnicas, botas etc
Clima: fora da alta montanha o clima é ameno, leve agasalho.

Custo aproximado da viagem: 1000 dólares com passagem aérea (340 dólares) já incluída .
Essa foi nossa trip no Ecuador.
Espero que gostem!
Até a próxima!